Maputo, 22 de janeiro de 2025 – O analista político e professor universitário Sérgio Chichava afirmou que o partido Frelimo mantém o poder devido ao controlo das forças policiais e militares. Em entrevista ao jornal Ponto por Ponto, Chichava analisou o cenário político de Moçambique, tecendo críticas às lideranças dos partidos da oposição, nomeadamente Podemos, Renamo e MDM.
“O espaço que as lideranças da oposição têm é utilizado para celebrar e não para agir de forma efetiva. Antes que se dessem conta, reduziram-se à insignificância”, afirmou Chichava. Segundo o académico, a concentração de poder no Frelimo é sintomática de uma sociedade marcada por desigualdades estruturais e falta de reformas efetivas.
Conflitos e Estratificação Social
Chichava abordou ainda as tensões entre a Frelimo e Venâncio Mondlane, considerando que representam um reflexo de uma sociedade moçambicana onde muitos se sentem discriminados, sobretudo estrangeiros ou minorias que residem no país. “Existe um padrão preocupante de cidadania que marginaliza grupos e reforça as desigualdades económicas e sociais.”
Possibilidade de um Governo Sombra
Questionado sobre a possibilidade de um governo sombra em Moçambique, Chichava demonstrou ceticismo. “O que faria esse governo? Qual seria o seu impacto real? Até agora, a oposição tem falhado em organizar-se de forma eficaz para representar uma verdadeira alternativa ao Frelimo.”
Chichava destacou que a reforma das instituições públicas é essencial para garantir que o país funcione de forma mais justa e equilibrada. “Enquanto a polícia e os militares permanecerem ao serviço de interesses partidários, será difícil para Moçambique progredir democraticamente.”
Futuro do País
O académico concluiu que é imperativo que a sociedade moçambicana exija reformas institucionais para garantir uma verdadeira democracia. “Se o sistema continuar como está, veremos o sul, centro e norte do país a distanciar-se cada vez mais, tanto em termos políticos como sociais.”
