O político moçambicano Venâncio Mondlane, uma das vozes mais influentes da oposição no país, confirmou que o projecto político inicialmente denominado “Partido Anamalala” não irá avançar com esse nome. A decisão, segundo Mondlane, resulta de entraves e bloqueios burocráticos impostos pelo Governo, nomeadamente pelo Ministério do Interior, que, de forma não justificada, inviabilizou o processo de legalização da formação.
Em declarações públicas, Mondlane expressou a sua frustração com a situação, acusando directamente as autoridades de usarem os órgãos do Estado para travar a emergência de novos actores políticos que não estejam alinhados com os interesses do partido no poder, a FRELIMO. “Infelizmente, em Moçambique, o exercício do direito de criar um partido político continua a ser condicionado por interesses políticos obscuros. O nome Anamalala foi rejeitado sem fundamentos válidos, o que demonstra uma clara interferência nas liberdades democráticas”, afirmou.
Apesar do contratempo, o líder opositor garantiu que a luta está longe de terminar. “A mudança de nome não significa recuo, muito pelo contrário. É um novo recomeço. Vamos apresentar uma nova proposta, com um nome diferente, mas com os mesmos ideais de justiça, liberdade, inclusão e combate à corrupção institucionalizada.”
Mondlane não poupou críticas ao ministro do Interior, acusando-o de agir como um “fiscal da FRELIMO” e não como um representante do povo. “O Ministério devia zelar pelo cumprimento da Constituição e pela promoção da democracia, mas hoje tornou-se uma barreira para quem quer fazer política com verdade. Tentam silenciar-nos com burocracias, mas esquecem-se que as ideias não têm nome único, nem podem ser apagadas.”
A decisão de mudar o nome do partido surge como uma resposta estratégica para contornar os bloqueios e continuar a mobilização popular que o movimento de Mondlane tem gerado nos últimos meses, especialmente entre os jovens e sectores urbanos. “O povo já despertou. A tentativa de travar o nome Anamalala só reforça a certeza de que estamos no caminho certo e que causamos desconforto aos que têm medo da mudança.”
O novo nome do partido deverá ser apresentado nos próximos dias, acompanhado de uma nova plataforma de acção política e uma agenda de mobilização nacional. Para Mondlane, esta fase marca apenas o início de um novo capítulo na luta por uma Moçambique mais justa, plural e livre.