Genocídio Infantil Não Indigna, Mas Incêndio a Portagem Gera Revolta.
Segundo dados da organização WaterAid, aproximadamente 2.500 crianças morrem anualmente devido à falta de acesso a água potável e saneamento básico. No entanto, essa realidade alarmante parece não despertar tanta indignação quanto outros acontecimentos recentes no país.
A FRELIMO, partido no poder, detém o controle sobre os recursos do Estado, incluindo terras e suas riquezas. Se o Estado pertence ao povo, como prevê a Constituição, os bens públicos deveriam, prioritariamente, beneficiar a população. No entanto, a realidade é outra: em três décadas, cerca de 900.000 crianças perderam a vida por falta de acesso a água potável. Esse cenário levanta questionamentos sobre a responsabilidade do governo e o impacto da corrupção na vida dos cidadãos.
Além disso, a crise na saúde pública agrava-se devido ao desvio de fundos que poderiam ser investidos na compra de medicamentos, no aparelhamento de hospitais e na valorização dos profissionais de saúde. A consequência é um sistema de saúde precarizado, que amplia o sofrimento da população.
No campo político, episódios como o recente sequestro e assassinato do jornalista Arlindo Chissale demonstram o clima de repressão. Chissale teria sido morto por expressar apoio ao Manifesto do VM7, um movimento de oposição. Sua morte deixou uma família destruída, uma esposa viúva e filhos desamparados. Ainda assim, a comoção em torno do caso parece limitada.
Por outro lado, um incêndio ocorrido recentemente em portagens administradas pela REVIMO gerou ampla indignação. A empresa, envolvida na cobrança de tarifas consideradas abusivas pela população, viu suas instalações destruídas por atos de vandalismo. O incidente despertou reações rápidas, com propostas para endurecer leis contra vandalismo.
O contraste entre a apatia diante da morte de milhares de crianças e a rápida mobilização contra danos a infraestruturas privadas levanta um questionamento inevitável: quais vidas realmente importam?