Novo comandante da polícia em Moçambique enfrenta desafios para restaurar confiança na instituição
Joaquim Sive foi oficialmente empossado hoje como comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), assumindo o cargo numa altura marcada por desafios estruturais e pela necessidade de reconquistar a confiança pública na força policial.
Com um histórico polémico, Sive carrega um passado manchado por episódios controversos, incluindo a sua suspensão em 2019, enquanto liderava a corporação em Nampula. Na altura, cerca de 10 pessoas perderam a vida durante um comício da FRELIMO devido à sobrelotação do local, o que levantou críticas à sua atuação.
Durante a cerimónia de posse, o Presidente Daniel Chapo destacou as razões por detrás da escolha de Joaquim Sive para o cargo:
A nomeação de Joaquim Sive não é obra do acaso, mas resultado de uma reflexão profunda, orientada para responder às necessidades do povo, que anseia por uma polícia presente e de confiança.
A substituição de Bernardino Rafael, o comandante-geral anterior, foi recebida com alívio por muitos cidadãos. Rafael era frequentemente acusado de recorrer a métodos repressivos e de liderar ações de violência policial contra a população. Há ainda suspeitas de que terá ordenado práticas questionáveis para conter manifestações populares em reação a alegadas fraudes eleitorais.
Para analistas e defensores dos direitos humanos, a liderança de Sive surge como uma oportunidade para reverter os danos causados no passado e abrir caminho para uma nova abordagem na gestão da polícia.
Este é um momento para romper com o ciclo de governação do antigo comandante. Com um Presidente e um comandante-geral novos, há potencial para mudanças significativas e para uma abordagem mais respeitadora dos direitos humanos”, avaliou um observador.
A chegada de Joaquim Sive ao comando da PRM representa, assim, um teste à sua capacidade de promover reformas, combater abusos e resgatar a confiança da população numa das instituições mais criticadas do país.