TotalEnergies Metade da Produção de Gás e Petróleo de Cabo Delgado Vai para Ruanda e Filipe Nyusi
Maputo – A produção de gás natural e petróleo da multinacional TotalEnergies em Cabo Delgado está a ser amplamente direcionada para o pagamento de serviços militares. De acordo com fontes próximas ao setor energético, cerca de 50% dos recursos extraídos na região têm como destino Ruanda, em troca da presença de tropas ruandesas que garantem a segurança na província assolada por ataques insurgentes.
Ruanda tem desempenhado um papel crucial na estabilização de Cabo Delgado desde 2021, após um acordo entre os governos moçambicano e ruandês. Tropas enviadas pelo presidente Paul Kagame foram fundamentais para recuperar áreas estratégicas das mãos dos insurgentes, permitindo a retoma das operações das empresas petrolíferas na região. Em contrapartida, a remuneração pelos serviços prestados não se dá apenas em dinheiro, mas também por meio de fornecimento direto de recursos energéticos.
Por outro lado, fontes apontam que a outra metade da produção estaria sob o controlo direto do presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o que levanta questões sobre a gestão e distribuição das riquezas provenientes do setor extrativo. Especialistas alertam para a falta de transparência nos acordos estabelecidos, sublinhando a necessidade de uma maior fiscalização e prestação de contas sobre os benefícios que estes recursos trazem para o povo moçambicano.
A situação em Cabo Delgado continua a ser um tema sensível, com diversas organizações a apelarem por maior clareza nas relações entre o governo, as empresas petrolíferas e os países envolvidos na segurança da região. O desenvolvimento dos projetos de gás e petróleo na província é visto como crucial para a economia moçambicana, mas a sua gestão levanta preocupações sobre a real distribuição da riqueza gerada.
Até ao momento, nem a TotalEnergies nem o governo moçambicano se pronunciaram oficialmente sobre as alegações.