Novo escândalo abala as Alfândegas de Moçambique: Director-Geral resiste à exoneração e tenta impor sucessor
As Alfândegas de Moçambique voltam a estar no centro de mais uma polémica. O actual Director-Geral, Taurai Inácio Tsama, encontra-se envolvido num processo judicial por suspeitas de corrupção, cuja investigação teve início em Janeiro de 2022. Apesar das acusações e da crescente pressão interna, Taurai recusa abandonar o cargo sem antes assegurar que um aliado da sua confiança o suceda.
Fontes internas revelam que Taurai tem insistido na nomeação de Cangi Narane para o seu lugar. Narane desempenha actualmente funções como Director de Regimes Pauta e Valor Aduaneiro (DRPVA), sendo responsável por áreas sensíveis como a atribuição de isenções ao abrigo da Lei de Investimentos, isenções diplomáticas, gestão da pauta aduaneira, autorização de armazéns aduaneiros e processos de importação temporária de meios de transporte como aviões, helicópteros e navios de grande porte.
Esta manobra é vista como uma tentativa clara de manter o controlo da instituição, ainda que de forma indirecta, através da colocação de pessoas próximas em posições-chave. A estratégia visa, segundo fontes próximas do processo, assegurar a continuidade de interesses e redes de influência dentro da Autoridade Tributária.
A situação agravou-se com a divulgação de uma carta anónima, alegadamente escrita por funcionários da Autoridade Tributária, endereçada à Ministra das Finanças, Carla Louveira.
O documento, com cinco páginas e subscrito com nomes fictícios, denuncia alegadas práticas de corrupção institucionalizada e nomeações estratégicas destinadas à apropriação indevida de recursos públicos.
A carta cita diversos dirigentes da Autoridade Tributária e das Alfândegas, com especial enfoque em Taurai Tsama, acusando-os de colocar aliados em locais estratégicos como portos e aeroportos. Numa das passagens, pode ler-se: “Excelência, estamos exaustos com este indivíduo. Que seja devolvido ao Ministério do Interior, onde já deveria estar na reserva.”
As denúncias reforçam os alertas sobre a necessidade urgente de reformas profundas nas estruturas aduaneiras moçambicanas, com vista a restaurar a confiança pública e combater os alegados esquemas de corrupção que, segundo os denunciantes, têm vindo a minar a integridade da instituição.