Os Presidentes da RDCongo e do Ruanda reúnem-se em Doha com mediação do Qatar para impulsionar cessar-fogo

Os Presidentes da República Democrática do Congo (RDCongo), Félix Tshisekedi, e do Ruanda, Paul Kagame, reuniram-se esta terça-feira, em Doha, capital do Qatar, numa tentativa de relançar os esforços para a paz no leste congolês. O encontro decorreu sob a mediação do emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al Thani.

Numa declaração conjunta, os três líderes reafirmaram o compromisso com um cessar-fogo “imediato e incondicional”, sublinhando a urgência em pôr termo aos combates que têm assolado a região. O conflito opõe as forças armadas da RDCongo ao grupo rebelde M23, amplamente acusado de receber apoio militar do Ruanda.

A reunião marca a retoma de um diálogo político interrompido desde dezembro passado, quando um encontro entre Tshisekedi e Kagame previsto para Luanda não chegou a concretizar-se devido à ausência do Presidente ruandês. A cimeira visava dar seguimento ao acordo de cessar-fogo assinado na capital angolana em julho de 2024, que teve curta duração, face à retomada das hostilidades.

Coincidentemente, o encontro em Doha decorreu no mesmo dia em que deveria ter início, também em Luanda, um diálogo direto entre representantes do governo congolês e do M23. No entanto, a reunião foi adiada após o movimento rebelde ter anunciado a sua retirada, em protesto contra sanções impostas pela União Europeia a alguns dos seus líderes.

Num comunicado emitido em Luanda, o Ministério das Relações Exteriores de Angola justificou o adiamento com “circunstâncias de força maior”, garantindo, contudo, que continuam a ser envidados esforços para reprogramar a reunião “em momento oportuno”. 

Angola, que tem desempenhado um papel central como mediadora no conflito, reitera que o diálogo é a única via para alcançar uma solução duradoura.

As conversações fazem parte de uma iniciativa diplomática liderada por João Lourenço, Presidente de Angola e atual presidente em exercício da União Africana. Lourenço tem procurado criar uma base sólida para o entendimento entre Kinshasa e Kigali, num momento em que as tensões bilaterais se intensificam.

Desde o início do ano, o M23 tem consolidado o controlo sobre vastas áreas das províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, incluindo as capitais regionais Goma e Bukavu. Estas regiões, ricas em recursos minerais como ouro e coltan, são estratégicas tanto do ponto de vista económico como geopolítico.

 A ONU e vários países ocidentais acusam o Ruanda de fornecer apoio logístico e militar ao grupo rebelde, alegações negadas por Kigali.

A comunidade internacional acompanha com preocupação o desenrolar do conflito, face às implicações humanitárias e ao risco de desestabilização da região dos Grandes Lagos.


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