Lisboa, 4 de Agosto de 2025 – O presidente do Chega, André Ventura, reagiu de forma contundente à recente visita do Presidente angolano João Lourenço a Portugal, criticando a alegada conivência entre as lideranças de Portugal e Angola, que segundo ele perpetuam um sistema de "governação autoritária, corrupta e anti-democrática" há mais de cinco décadas no espaço lusófono.
Num comunicado emitido esta segunda-feira, Ventura referiu-se ao que considera o fim de uma era política dominada por figuras como João Lourenço (Angola), Lula da Silva (Brasil), Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal), e Daniel Chapo (Moçambique), acusando estas lideranças de manterem uma estrutura de poder que "esmagou os povos que dizem representar".
O líder do Chega defende que uma nova geração de líderes está a emergir, com ele próprio, Jair Bolsonaro e Venâncio Mondlane a assumirem um papel de destaque nesse novo alinhamento conservador dentro da CPLP. Ventura elogiou Mondlane como “vencedor real das últimas eleições moçambicanas” e sublinhou a importância da ruptura com o que chama de "alianças políticas tóxicas herdadas da era colonial".
A visita de João Lourenço a Portugal foi duramente criticada por Ventura, que considerou "inaceitável" a ausência de diálogo com os deputados portugueses. Acusou o Presidente angolano de representar uma elite que, segundo ele, "se apropriou das riquezas de Angola, como o petróleo e os diamantes, e deixou o povo numa situação de profunda pobreza e instabilidade social".
Ventura classificou como "preocupante" o facto de o Presidente angolano ter sugerido que a Europa deveria continuar a apoiar o seu regime como forma de conter a imigração. Para o dirigente do Chega, tal afirmação representa uma inversão de responsabilidades: “Não são os países europeus que criam as crises migratórias, mas sim os regimes que obrigam os seus cidadãos a fugir”.
No mesmo tom, o político português apontou críticas à CPLP, que na sua visão tem servido como "escudo político" para governos que mantêm práticas repressivas e autoritárias. Referiu que “a língua comum e os laços históricos não devem justificar a complacência perante regimes que negam direitos básicos aos seus cidadãos”.
Ventura voltou a defender o reposicionamento de Portugal nas suas relações externas, propondo uma política de "tolerância zero à corrupção e ao abuso de poder", especialmente com países da esfera lusófona. Criticou ainda o papel dos partidos PS e PSD, que segundo ele têm mantido a ligação histórica a regimes africanos sem exigir reformas.
A crescente influência internacional de Ventura é apresentada como parte de uma transformação mais ampla, que estaria a ocorrer nos países de língua portuguesa, com uma viragem para alternativas políticas que rejeitam o socialismo, o globalismo e os modelos dominantes nas últimas décadas. “Os povos estão a acordar”, afirmou.
Por fim, Ventura garantiu que o Chega continuará a pressionar para que Portugal deixe de ser "refém de compromissos históricos mal resolvidos", apelando a uma nova era de relações baseadas em "reciprocidade, dignidade e soberania".
Tags
Política
