António Muchanga critica a FRELIMO e questiona papel de Daniel Chapo
Veterano político diz estar confuso sobre a real posição do chefe de Estado, enquanto Fátima Mimbire acusa Chapo de ter herdado armadilhas do governo anterior.
O ambiente político moçambicano volta a ser palco de fortes críticas dirigidas ao partido no poder. António Muchanga, conhecido pela sua frontalidade, afirmou estar “cansado da FRELIMO” e levantou dúvidas quanto à liderança de Daniel Chapo.
Para Muchanga, persiste uma dualidade que mina a transparência política: “Não sei se devo chamar Daniel Chapo Presidente da República de Moçambique ou Presidente da FRELIMO”. Esta incerteza, diz, compromete a clareza da governação e dificulta a responsabilização dos actos do Executivo, uma vez que se mistura o papel partidário com o de chefe de Estado.
Por outro lado, a activista social e jurista Fátima Mimbire reforçou o coro de críticas, acusando o novo Presidente de ter caído em “armadilhas” deixadas pela administração de Filipe Nyusi. Entre os exemplos apontados estão tractores avariados, símbolo de investimentos mal planeados, e o caso do avião alugado pelo Estado que sofreu três avarias em pouco tempo, o que, segundo ela, expõe falhas graves na gestão pública.
Mimbire questiona: “Que país é este onde o Estado investe em material sem garantias de qualidade e sem transparência nos contratos?” — uma provocação que reflecte o crescente descontentamento da sociedade civil.
Análise
Estas declarações reacendem o debate sobre a capacidade de Daniel Chapo em diferenciar o papel de líder da FRELIMO do de Presidente da República, um tema sensível na política moçambicana desde a independência. Observadores consideram que a falta de separação clara entre partido e Estado tem alimentado crises de confiança e dificultado reformas institucionais.
Analistas políticos sublinham que Chapo, em apenas alguns meses de governação, enfrenta já uma pressão significativa: precisa de mostrar resultados práticos e, ao mesmo tempo, reconquistar a confiança de uma população cada vez mais crítica e cansada de promessas não cumpridas.
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