Ruanda Recebe Autorização para Instalar Base Militar Permanente em Moçambique
Por Adriano Basílio Dinala – Carta à Geração 2000
O Governo de Ruanda obteve autorização para estabelecer uma base militar de longo prazo em Moçambique, uma decisão que levanta questões sobre interesses estratégicos e a segurança regional.
Especialistas e relatórios internacionais alertam para a ligação entre Ruanda e o grupo rebelde M23, ativo na República Democrática do Congo (RDC). Corneille Nangaa, líder do M23, tem sido apontado como beneficiário do apoio militar e logístico de Ruanda, apesar do governo ruandês negar envolvimento direto no conflito.
Um relatório recente das Nações Unidas afirma que o Ruanda desempenhou um papel central na criação e comando do M23, estimando que entre 3.000 a 4.000 soldados ruandeses terão sido enviados à província de Kivu do Norte para apoiar operações dos rebeldes. Este apoio tem permitido ao M23 realizar ataques mais coordenados contra as forças governamentais congolesas, intensificando o conflito que já provocou milhares de mortes e deslocados.
Analistas questionam agora os motivos da presença militar ruandesa em Moçambique. Cabo Delgado, uma província rica em recursos naturais, poderá ser palco de interesses estratégicos e económicos, levantando dúvidas sobre se Ruanda pretende apenas combater ameaças terroristas ou consolidar uma presença duradoura com fins de exploração de recursos.
A situação coloca Moçambique e a região sob vigilância internacional, numa altura em que a estabilidade humanitária e a soberania territorial são fundamentais.