Quase 100 mil pessoas fogem de ataques terroristas em apenas duas semanas em Cabo Delgado.
A provÃncia de Cabo Delgado voltou a mergulhar num clima de instabilidade e medo. Nos últimos 14 dias, perto de 100 mil residentes abandonaram as suas casas devido à escalada de ataques armados que voltou a atingir várias comunidades do norte de Moçambique, alertou a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Segundo a organização, trata-se de um dos fluxos de deslocação interna mais significativos registados desde o inÃcio da insurgência, em 2017. A violência, que nos primeiros anos se concentrava em zonas especÃficas, espalhou-se agora para áreas anteriormente consideradas seguras, apanhando milhares de famÃlias de surpresa.
Fontes humanitárias descrevem um cenário de terror: investidas noturnas, residências incendiadas e populações inteiras a fugir para zonas de mato, sem alimentos e sem qualquer garantia de proteção. Relatórios recentes mencionam civis assassinados e casos de decapitações, sinais de um conflito que se intensifica e se torna cada vez mais imprevisÃvel.
As equipas de apoio no terreno relatam que muitos deslocados chegam exaustos, desprovidos de documentos, com sinais de desnutrição e a carregar traumas profundos. “As pessoas estão a fugir apenas com a roupa que trazem no corpo”, indicam voluntários envolvidos na resposta de emergência.
A crise humanitária agrava-se num momento em que o paÃs tenta reforçar operações de segurança e reabilitar zonas anteriormente libertadas. Contudo, a nova vaga de ataques demonstra que os grupos armados estão a recuperar capacidade de mobilização e a alargar o raio de ação, colocando pressão adicional sobre o Governo e sobre as organizações internacionais que trabalham para proteger e reassentar a população.
A instabilidade persistente deixa milhares de famÃlias em incerteza absoluta, enquanto o mundo observa um conflito que, longe de abrandar, volta a ganhar força e amplitude.
