Candidatura de Umaro Sissoco Embaló acusa Filipe Nyusi de ingerência nos assuntos internos da Guiné-Bissau
A candidatura do Presidente deposto, Umaro Sissoco Embaló, contestou de forma contundente as declarações do antigo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, que liderou a missão de observação eleitoral da União Africana (UA) nas recentes eleições gerais da Guiné-Bissau. Segundo a candidatura, Nyusi “atentou contra a soberania nacional” ao afirmar que existem resultados eleitorais que devem ser tornados públicos.
As críticas surgiram esta quinta-feira, após Filipe Nyusi ter dito, em entrevista à Rádio Moçambique, que a missão da UA dispõe de resultados e que estes deveriam ser divulgados. As palavras do observador internacional geraram imediata reação em Bissau.
José Paulo Semedo, representante da candidatura de Umaro Sissoco Embaló, convocou a imprensa para expressar indignação, classificando as declarações como “infelizes e perigosas”. De acordo com Semedo, Nyusi, apesar de se encontrar em Bissau durante o processo, “estava completamente alheio aos acontecimentos do dia 26 de novembro” e, por isso, “não pode testemunhar aquilo que não presenciou”.
O representante foi mais longe, sustentando que as afirmações do ex-Presidente moçambicano representam “um atentado inequívoco à soberania da Guiné-Bissau” e uma “ingerência inaceitável nos assuntos internos do país”. Semedo alertou ainda para o impacto potencial dessas declarações na estabilidade nacional, dizendo que criam “expectativas infundadas” que podem estimular “tensões sociais com risco de perda de controlo”.
A candidatura reafirmou também que, segundo as atas em sua posse, “não restam dúvidas” de que Umaro Sissoco Embaló foi o vencedor das eleições gerais, defendendo que qualquer especulação pública sobre resultados fora do quadro institucional representa um perigo para a paz social.
