Áudio Revela Alegadas Conspirações de Fraude Eleitoral em Moçambique
Um áudio recentemente divulgado expôs alegadas conversas comprometedoras entre o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e várias figuras políticas e institucionais de relevo, sobre esquemas de fraude eleitoral destinados a manter a FRELIMO no poder.
De acordo com a gravação, 23 pessoas reuniram-se no Palácio Presidencial com o chefe de Estado. Entre os presentes estariam o Ministro do Interior, Pascual Ronda, o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, a Presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, e Daniel Chapo, entre outros.
No áudio, Filipe Nyusi terá alegadamente admitido que, uma semana antes das eleições, foram disponibilizados 153 milhões de dólares para financiar operações fraudulentas. "Este montante foi distribuído entre as forças policiais, membros da Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e o Movimento Moçambicano de Voluntários de Supervisão (MMVS)", terá afirmado Nyusi.
O presidente também teria reforçado a ideia de que o principal objetivo era garantir a continuidade da FRELIMO no poder. "A FRELIMO não pode sair do poder. Estamos há 49 anos a liderar Moçambique e o nosso foco é o poder, não o povo", terá dito Nyusi, segundo o áudio.
O Ministro do Interior, Pascual Ronda, manifestou preocupação sobre a violência contra civis, destacando que "já morreram mais de 40 pessoas e mais de 50 ficaram feridas. A comunidade internacional está a observar Moçambique", referindo-se às manifestações e confrontos pós-eleitorais.
Nyusi terá reforçado a sua posição afirmando que "Moçambique pertence à FRELIMO, não à RENAMO ou ao Podemos. A FRELIMO deve continuar no poder", alertando ainda os presentes sobre possíveis consequências para quem não cumprisse os planos traçados, aludindo a casos como os de Elvino Dias e Paulo Guambe.
Daniel Chapo também foi mencionado no áudio, alegadamente revelando que uma das estratégias da FRELIMO era enfraquecer a RENAMO, criando divisões internas. "Tentámos criar conflitos entre Ossufo Momade e Venâncio Mondlane, forçando a saída deste último da RENAMO", terá afirmado.
Chapo também teria lamentado o erro estratégico de permitir que Venâncio Mondlane concorresse às eleições presidenciais. "Não antecipámos que ele receberia apoio da Coligação Aliança Democrática (CAD) e, mais tarde, do Podemos Moçambique", referiu.
O conteúdo deste áudio gerou uma onda de indignação, tanto a nível nacional como internacional, com apelos para uma investigação independente sobre as alegadas fraudes e práticas antidemocráticas reveladas na gravação. Até ao momento, não houve qualquer declaração oficial por parte do governo moçambicano em resposta às acusações.
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