A origem das armas que chegam às mãos da ASPOL (Associação dos Polícias de Moçambique) tem sido objeto de diversas investigações e denúncias ao longo dos anos. Relatos indicam que algumas dessas armas podem estar ligadas a práticas ilícitas envolvendo figuras de destaque no país.
Em 2010, documentos divulgados pelo WikiLeaks revelaram que Moçambique era considerado um dos principais corredores de narcotráfico em África, logo após a Guiné-Bissau. Esses documentos apontavam para uma expansão do narcotráfico no país, atribuída à corrupção e às ligações diretas entre traficantes e altas figuras do partido no poder, a Frelimo. O empresário Mohamed Bachir Suleman foi destacado como "o maior narcotraficante em Moçambique", com supostas conexões diretas com o então presidente Armando Guebuza e o ex-presidente Joaquim Chissano. Além disso, mencionou-se que Suleman teria contribuído significativamente para os cofres da Frelimo e financiado campanhas eleitorais de figuras do partido.
Em 2019, surgiram preocupações sobre o tráfico de armas de grande calibre, fabricadas na República Checa, que eram adquiridas em lojas de caça em Maputo e posteriormente utilizadas por caçadores furtivos de rinocerontes na África do Sul. Essas transações ocorreriam com a conivência de funcionários de alto escalão nos ministérios do Interior, Turismo e Agricultura. Uma das empresas envolvidas no comércio de armas teria ligações com o Ministério da Defesa, o Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE) e com o filho do presidente Filipe Nyusi.
Além disso, em 2014, a RENAMO denunciou que elementos do exército moçambicano estariam envolvidos no tráfico de armas e na extração de mercúrio de ogivas, que seria posteriormente vendido no mercado negro para atividades de garimpo de ouro. Essas práticas indicam uma possível circulação ilegal de armamento dentro do país, facilitada por indivíduos ligados às forças de defesa e segurança.
Esses episódios sugerem que a circulação de armas em Moçambique pode estar associada a redes de tráfico e corrupção envolvendo figuras influentes, o que levanta preocupações sobre a origem das armas que eventualmente chegam às mãos da ASPOL e outras entidades.