África do Sul prepara substituição do gás moçambicano por LNG dos EUA
A África do Sul está a negociar um acordo avaliado em cerca de 12 mil milhões de dólares com os Estados Unidos, para a aquisição de gás natural liquefeito (LNG) durante a próxima década. Esta medida surge em resposta à previsão de que o fornecimento de gás proveniente de Moçambique poderá cessar até 2028, com uma redução significativa já esperada em 2026.
A mudança na estratégia energética levanta questões sobre o impacto económico para Moçambique, que tem sido um dos principais fornecedores de gás natural à economia sul-africana. Apesar do papel importante destas exportações ao longo de mais de duas décadas, permanece pouco claro qual foi, ao certo, o total da receita fiscal arrecadada por Moçambique. Existem dúvidas sobre a existência de dados auditados e acessíveis ao público relativamente aos ganhos do Estado moçambicano com este recurso.
Na África do Sul, o sector do gás proveniente de Moçambique representa actualmente cerca de 5% do Produto Interno Bruto e é responsável por cerca de 13 mil postos de trabalho directos. Por outro lado, não há estimativas precisas sobre o número de empregos em Moçambique que dependem desta cadeia de exportação, nem sobre o impacto social e económico que poderá resultar da interrupção deste comércio.
A possível saída da África do Sul como cliente levanta preocupações sobre o futuro da indústria do gás em Moçambique, a estabilidade económica nas regiões produtoras e a necessidade urgente de encontrar novos mercados ou alternativas de utilização interna.
Ficam no ar várias perguntas: que planos tem o governo moçambicano para mitigar o impacto desta decisão sul-africana? Que benefícios reais foram deixados pela exploração de gás ao longo de mais de 20 anos? E qual será o destino dos trabalhadores que dependem directamente desta actividade?