Ex-Presidente Filipe Nyusi Apela à Diplomacia Moçambicana para "Vender o País"

 Ex-Presidente Filipe Nyusi Apela à Diplomacia Moçambicana para "Vender o País" Apesar de Críticas à Qualidade Democrática



Maputo – O antigo Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, defendeu recentemente que os diplomatas moçambicanos devem assumir um papel mais interventivo e proactivo na promoção da imagem do país além-fronteiras. Nyusi exortou os representantes do Estado no exterior a “venderem Moçambique”, no sentido de divulgar as suas potencialidades económicas, culturais e turísticas, com vista à atracção de investimento estrangeiro e ao reforço da cooperação internacional.


As declarações foram feitas durante um encontro com quadros diplomáticos e consulares, no qual o ex-chefe de Estado reiterou que a diplomacia económica deve estar no centro da actuação das missões no estrangeiro. Para Nyusi, o país possui recursos abundantes e oportunidades únicas que, se bem promovidas, poderão contribuir decisivamente para o desenvolvimento nacional.


Contudo, o apelo do ex-presidente surge num momento em que a democracia moçambicana é fortemente criticada dentro e fora do país. Vários sectores da sociedade civil, partidos da oposição e analistas políticos acusam o regime de ter construído uma democracia de fachada, onde as instituições funcionam sob forte controlo do partido no poder e onde as eleições são frequentemente marcadas por irregularidades, intimidação e denúncias de fraude.


Durante os seus anos no poder, Nyusi foi alvo de críticas relacionadas com a limitação das liberdades cívicas, a repressão a manifestantes, o controlo sobre os media independentes e a falta de separação efectiva entre os poderes do Estado. Estas questões contribuíram para uma crescente desconfiança por parte da população relativamente ao funcionamento da democracia no país, que muitos consideram ser mais simbólica do que real.


Em círculos críticos, o apelo a “vender o país” é visto com cepticismo. “É difícil promover uma imagem positiva de Moçambique quando os próprios cidadãos não têm plena liberdade para se expressar ou para escolher os seus representantes de forma transparente”, comentou um analista político contactado pela imprensa local. Para esses sectores, a diplomacia não pode dissociar-se da realidade interna e deve assentar num compromisso com os valores democráticos e com os direitos humanos.


Apesar das críticas, o antigo Presidente sublinha que a estabilidade política e a riqueza dos recursos naturais fazem de Moçambique um destino estratégico para investimentos, especialmente nas áreas da energia, agricultura, turismo e infraestruturas. No entanto, para muitos, a imagem internacional do país dependerá, cada vez mais, da sua capacidade de assegurar reformas democráticas profundas, garantir justiça e combater a corrupção.


A polémica em torno das declarações de Nyusi reacende o debate sobre o verdadeiro estado da democracia em Moçambique e sobre o papel dos diplomatas num contexto em que a credibilidade do regime continua a ser posta em causa tanto interna como externamente.

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