Joaquim Chissano admite falhas no Partido Anamalala; apoiantes de Venâncio Mondlane respondem com duras críticas

 

Maputo, 7 de Junho de 2025 – O antigo Presidente da República de Moçambique, Joaquim Chissano, reconheceu recentemente que existem "muitas coisas que não estão bem" no Partido Anamalala, uma força política emergente liderada por Venâncio Mondlane e Dinis Tivane. A declaração foi feita durante uma intervenção pública em que Chissano analisava o atual panorama político do país.


Chissano, que é uma figura de destaque na história política moçambicana e um dos principais rostos do processo de pacificação nacional pós-guerra civil, afirmou que, apesar do crescimento do Partido Anamalala no debate político nacional, há sinais evidentes de desorganização interna, incoerências ideológicas e falta de coesão nas mensagens transmitidas pelos seus líderes. "É um partido jovem, com muita energia, mas há muitas coisas que precisam de ser corrigidas", referiu o antigo estadista.


No entanto, as declarações de Chissano não passaram despercebidas entre os apoiantes de Venâncio Mondlane, que reagiram de forma veemente nas redes sociais e em manifestações locais. Muitos acusaram o ex-Presidente de hipocrisia e responsabilizaram-no por parte dos problemas históricos que ainda hoje afectam o país.


"Chissano é o culpado pelo sofrimento e pelas mortes de muitos moçambicanos", afirmou um simpatizante de Mondlane durante uma intervenção gravada em Maputo. Outros militantes foram ainda mais longe, afirmando que "Chissano será lembrado como o pai da desgraça nacional", numa clara tentativa de devolver as críticas com acusações de falhas históricas durante o seu mandato presidencial.


Este ambiente de tensão revela a crescente polarização do discurso político em Moçambique, onde figuras históricas do país enfrentam uma nova geração de líderes e militantes que exigem mudanças profundas e responsabilização pelos erros do passado.


O Partido Anamalala tem vindo a ganhar notoriedade, sobretudo entre os jovens, pelas suas mensagens de contestação ao sistema instalado e pela promessa de uma governação mais transparente e participativa. Contudo, os desafios internos e os confrontos com os antigos dirigentes continuam a marcar a trajetória do partido.


A troca de acusações entre as diferentes alas políticas sublinha a necessidade urgente de um debate nacional mais construtivo, baseado no respeito mútuo e na busca de soluções concretas para os problemas que afectam os moçambicanos.


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