Convite a Venâncio Mondlane Agita Bastidores: Militares Deixam Recado a Daniel Chapo e à FRELIMO
Maputo, 21 de Junho de 2025 – A inclusão de Venâncio Mondlane na lista dos convidados para a cerimónia dos 50 anos da Independência Nacional está a causar burburinho no xadrez político nacional. O gesto, visto por muitos como inesperado e até provocatório, está agora a gerar reacções críticas vindas de sectores ligados às forças armadas moçambicanas.
Segundo informações avançadas por fontes militares, o convite dirigido ao político da oposição não foi bem recebido por um grupo de oficiais reformados e veteranos de guerra, que não esconderam a sua insatisfação. Os mesmos consideram que o acto poderá representar um desrespeito à história da luta armada de libertação, da qual a FRELIMO foi principal protagonista.
Num tom firme, elementos ligados aos antigos combatentes deixaram um aviso claro ao candidato presidencial Daniel Chapo, actual secretário-geral da FRELIMO, alertando para aquilo que descrevem como "manobras políticas perigosas" num período sensível para o país. Para estes sectores, o convite a Mondlane — crítico aberto da FRELIMO — pode ser interpretado como uma tentativa de manipulação política sob a capa de reconciliação.
"Não somos contra o diálogo nem contra a inclusão, mas há símbolos que devem ser respeitados. A celebração da independência não pode ser usada como palco para projectos eleitorais ou para limpar a imagem de quem sempre atacou os pilares do Estado", afirmou sob anonimato um antigo oficial das FDS, actualmente ligado à Liga dos Combatentes.
A tensão surge num momento em que Moçambique se aproxima de eleições gerais, e Daniel Chapo aparece como o rosto de continuidade dentro da FRELIMO. No entanto, esta abertura aparente, que visa incluir vozes da oposição nas festividades nacionais, pode acabar por fragilizar o apoio interno, especialmente entre os chamados “camaradas históricos”.
Analistas ouvidos por este jornal afirmam que o gesto pode ter dupla leitura: por um lado, simboliza uma tentativa de unidade nacional e inclusão política; por outro, pode abrir feridas mal cicatrizadas do passado, num país onde a memória da guerra ainda pesa na consciência colectiva.
Até ao momento, nem Daniel Chapo nem o Comité Central da FRELIMO se pronunciaram publicamente sobre o descontentamento revelado por alguns militares. No entanto, há expectativa de que nos próximos dias haja algum pronunciamento oficial, uma vez que a polémica tem ganhado espaço tanto nas redes sociais como nos bastidores da política nacional.
Com as comemorações marcadas para o próximo mês, resta saber se o ambiente festivo que se pretendia construir será mantido ou se as divergências internas acabarão por ofuscar o significado histórico da independência nacional conquistada a 25 de Junho de 1975.