Última hora:FRELIMO Perde os Seus Próprios Camaradas: Vozes de Dentro Questionam o Presente

Antigo combatente denuncia distanciamento entre a FRELIMO e o povo: “Quase fui agredido por vestir a camisa do partido”


Um antigo combatente moçambicano, membro veterano da FRELIMO, manifestou publicamente a sua preocupação com a crescente desconfiança entre o povo e o partido no poder, descrevendo um episódio recente que considera simbólico da actual realidade política e social do país.


Durante uma intervenção num encontro informal com outros militantes e cidadãos, o camarada relembrou os tempos em que a Frente de Libertação de Moçambique — mais conhecida como FRELIMO — era, segundo as suas palavras, indissociável do povo. “Houve um tempo em que dizíamos com orgulho: a FRELIMO é o povo, e o povo é a FRELIMO. Era mais do que um slogan. Era um sentimento genuíno de pertença e unidade nacional”, afirmou.


Contudo, segundo o combatente, esse vínculo foi-se perdendo ao longo das últimas décadas, à medida que os ideais da luta de libertação foram sendo substituídos por práticas que, no seu entender, afastaram o partido das necessidades reais da população.


O antigo militante partilhou ainda um episódio recente vivido na capital, Maputo, onde diz ter sentido na pele a rejeição da população. “Sai à rua com uma camisa da FRELIMO, algo que fazia com orgulho. Mas para meu espanto, fui alvo de insultos e ameaças. Quase me correram dali como se eu fosse inimigo do povo. Foi doloroso, sobretudo vindo de jovens que nem conhecem a história por completo”, lamentou.


Este testemunho surge num momento em que aumentam as críticas públicas à actuação do partido governamental, acusado por muitos sectores da sociedade de se ter desligado da base popular, de perpetuar práticas de corrupção e de não responder aos desafios que afectam directamente os moçambicanos, como o desemprego, a pobreza e a falta de acesso a serviços essenciais.


Apesar das críticas, o combatente defende que a FRELIMO ainda pode recuperar a confiança do povo, mas só se houver uma mudança profunda na forma de fazer política. “A ligação com o povo não se reconquista com discursos, mas com acções concretas. É preciso humildade para ouvir, coragem para corrigir e visão para transformar. Caso contrário, o partido arrisca-se a ser visto como parte do problema, e não da solução”, concluiu.


A FRELIMO, que liderou a luta pela independência e tem governado Moçambique desde 1975, enfrenta actualmente um dos maiores desafios da sua história recente: reconciliar-se com um eleitorado cada vez mais crítico e exigente, sobretudo entre os mais jovens, que anseiam por mudanças profundas e reformas estruturais.

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