ÚLTIMA HORA:Joaquim Chissano aponta Venâncio Mondlane como autor de irregularidades eleitorais.

Chissano denuncia momento crítico na política moçambicana e apela a governação inclusiva



Maputo — O antigo Presidente da República de Moçambique, Joaquim Chissano, pronunciou-se esta semana sobre o actual cenário político nacional, marcado por alegações de irregularidades no processo eleitoral, afirmando tratar-se de um “momento grave” para a democracia moçambicana. O ex-estadista advertiu para a necessidade de salvaguardar os princípios democráticos e apelou a uma governação que valorize o diálogo, a inclusão e o respeito pelos direitos fundamentais.


De acordo com Chissano, os sinais de manipulação e controlo excessivo no decorrer das eleições não foram acidentais, mas sim fruto de um planeamento meticuloso que coloca em causa a legitimidade do processo democrático. “Tudo indica que certas acções foram preparadas com antecedência, com o objectivo de influenciar os resultados e condicionar a vontade do povo”, alertou o antigo Chefe de Estado.


Sem citar nomes, Chissano foi claro ao condenar qualquer tentativa de impor candidatos à margem da vontade popular. “Ninguém deve impor o seu candidato ao país. A escolha dos líderes deve nascer do voto livre, transparente e soberano do povo moçambicano”, afirmou. A sua intervenção tem sido interpretada por analistas como um apelo à integridade dos processos democráticos e uma chamada de atenção para os riscos de captura das instituições por interesses políticos particulares.


O antigo Presidente defendeu ainda uma abordagem mais abrangente e plural na construção do próximo governo, sublinhando que a estabilidade política e social depende, em grande parte, da capacidade das lideranças em acolher ideias e contributos oriundos de todas as forças políticas representadas. “É fundamental que a governação futura seja inclusiva. Um país só se constrói com a participação de todos — mesmo aqueles que pensam de forma diferente”, sublinhou Chissano.


Para o ex-presidente, a inclusão política não deve ser apenas uma formalidade institucional, mas sim uma prática efectiva que garanta que todas as vozes sejam ouvidas e que nenhuma força política seja excluída do debate nacional. “Devemos abandonar a lógica do vencedor absoluto. A democracia exige cooperação e abertura”, acrescentou.


No mesmo discurso, Chissano destacou também a importância do respeito pelo direito à manifestação pacífica, classificando-o como um pilar essencial da democracia. “O direito à manifestação deve ser protegido, não reprimido. Quando o povo se sente excluído ou injustiçado, deve ter espaço para se expressar de forma livre e segura”, defendeu.


As suas palavras surgem num momento em que o país vive uma forte tensão política, com manifestações, contestações dos resultados eleitorais e denúncias de fraude por parte da oposição. Organizações da sociedade civil e observadores internacionais também já expressaram sérias preocupações quanto à credibilidade do processo eleitoral.


Com a sua intervenção, Joaquim Chissano volta a posicionar-se como uma voz moderadora e de referência moral no panorama político nacional, apelando à serenidade, ao diálogo e ao respeito pelos fundamentos democráticos como caminho para a construção de um Moçambique mais justo e unido.

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