Moçambique Mergulhado no Medo: Um Estado Refém da Violência e do Autoritarismo

MATOLA – Moçambique vive tempos sombrios, em que o cheiro a sangue e pólvora parece ter-se tornado parte do quotidiano. As manifestações pós-eleitorais deixaram marcas profundas na memória colectiva: sair de casa tornou-se sinónimo de colocar a vida em risco.


 Episódios como os assassinatos de Mano Shottas e Elvino Dias, entre outros, foram banalizados como “balas perdidas” — uma desculpa repetida para encobrir execuções sumárias protagonizadas pelas forças de segurança.

A tomada de posse do Presidente da República, envolta em fortes suspeitas e contestação popular, foi feita à força. E, logo após declarar “Vamos trabalhar”, o que se tem visto são camaradas a eliminar-se entre si. Só no último mês, três agentes da polícia foram assassinados a sangue-frio na cidade da Matola — todos haviam denunciado previamente ameaças. A ironia cruel é que, hoje, até a polícia teme ser vítima da própria polícia. O sistema transformou-se num ciclo vicioso onde quem obedece às ordens de cima pode, amanhã, ser eliminado pelas mesmas ordens.

Este cenário de terror alimenta-se da impunidade, do silêncio institucional e do uso sistemático da força para perpetuar um poder cada vez mais ilegítimo. Em Moçambique, saber demais pode ser sentença de morte. Denunciar é perigoso. Questionar o poder é arriscar desaparecer. O país grita por justiça, mas a justiça permanece muda, algemada pela máquina partidária.

A FRELIMO — partido no poder desde a independência — sustenta-se, não pela legitimidade conferida pelo voto popular, mas sim pela repressão, pela manipulação e pelo controlo absoluto das instituições do Estado. Tribunais, forças armadas, empresas públicas, recursos naturais: tudo serve ao mesmo fim — garantir que a elite se mantenha intocável.

Sob o disfarce de estabilidade e progresso, o país vive uma verdadeira captura institucional. A democracia é apenas decorativa, usada para legitimar um regime que, na prática, opera como uma autocracia disfarçada. O povo, esmagado entre a pobreza e a violência, tornou-se refém de um sistema que consome os seus próprios filhos para se manter de pé.

Derrubar esse regime não será uma tarefa fácil. Não se trata de substituir um governo — trata-se de romper com uma estrutura opressiva que moldou o país durante décadas. É preciso coragem, união e verdade. Enquanto Moçambique for governado pelo medo e sustentado pela violência, continuará a afundar-se na desumanização.

Salve Moçambique — antes que seja tarde demais.

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