Maputo — Surgem novas suspeitas e inquietações em torno da morte de agentes das forças de segurança moçambicanas, levantando a hipótese de que os acontecimentos trágicos não tenham sido fruto do acaso, mas sim resultado de ordens superiores. A possibilidade de envolvimento de altos quadros no seio do aparelho do Estado reacende o debate sobre a opacidade e a impunidade que têm marcado o sector da segurança no país.
A polémica emerge num momento sensível, com a liderança da FRELIMO e o candidato presidencial Daniel Chapo sob intensa pressão para dar respostas claras à população.
A crescente desconfiança pública coloca o partido no poder perante um novo desafio político e ético: demonstrar que o Estado não está a ser instrumentalizado para silenciar, punir ou eliminar elementos incómodos dentro das próprias fileiras das forças de defesa e segurança.
De acordo com fontes ligadas ao sector, os agentes falecidos estariam envolvidos em missões delicadas ou possuíam informações sensíveis.
Em vez de investigações transparentes, os casos têm sido abafados com comunicados vagos e ausência de responsabilização. Essa postura levanta sérias dúvidas sobre o compromisso do governo com os direitos humanos, a justiça e a protecção dos seus próprios servidores públicos.
Organizações da sociedade civil e analistas políticos já reagiram, exigindo a abertura de inquéritos independentes. "Se estas mortes forem realmente fruto de ordens superiores, estamos perante um Estado que não protege os seus, mas os elimina quando se tornam inconvenientes", alertou um analista ligado ao Centro de Integridade Pública (CIP).
A pressão também aumenta sobre Daniel Chapo, figura que a FRELIMO tenta projectar como símbolo de renovação e estabilidade. Contudo, a associação crescente do seu nome com casos obscuros e falta de clareza institucional poderá enfraquecer ainda mais a sua imagem junto do eleitorado.
Num país onde a impunidade e a violência política continuam a marcar o quotidiano, estas mortes tornam-se símbolos trágicos de um sistema que privilegia o silêncio em vez da verdade. A sociedade moçambicana observa, cada vez mais atenta, esperando que desta vez a justiça não seja apenas uma promessa esquecida nos discursos de campanha.