Um membro sénior da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) defendeu recentemente que a responsabilização judicial não deve recair apenas sobre o antigo comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, mas também sobre o político Venâncio Mondlane, a quem acusa de ter desempenhado um papel central na alegada desestabilização política do país durante o ano de 2024.
Em declarações públicas, o dirigente da RENAMO afirmou que "não é apenas Bernardino Rafael que deve ser chamado à justiça. Venâncio Mondlane também deve responder pelos seus actos, pois foi ele quem promoveu grande parte da instabilidade que se viveu no país no ano passado."
As acusações surgem num contexto de crescente tensão política em Moçambique, onde diferentes actores políticos continuam a trocar acusações sobre os eventos que marcaram o cenário nacional em 2024, incluindo manifestações, episódios de violência, denúncias de fraude eleitoral e contestação ao governo central.
Segundo o membro da RENAMO, Mondlane terá incentivado uma série de acções que visavam "minar a ordem pública e questionar as instituições do Estado", alegando que o líder político usou o seu carisma e influência para mobilizar massas com fins desestabilizadores.
Por outro lado, Venâncio Mondlane, considerado por muitos como um símbolo da oposição activa e firme, tem-se apresentado como defensor da verdade eleitoral e da justiça social. Os seus apoiantes rejeitam as acusações e afirmam que ele apenas exerceu o seu direito democrático de contestar o que considera serem irregularidades graves no processo político nacional.
Até ao momento, Mondlane ainda não respondeu oficialmente às declarações do dirigente da RENAMO. No entanto, estas declarações podem intensificar ainda mais o debate político no país e levantar novas questões sobre a responsabilização dos principais actores políticos pelos acontecimentos recentes.
A sociedade civil e várias organizações de direitos humanos têm apelado à contenção e ao diálogo nacional como caminhos preferenciais para a resolução das divergências políticas, defendendo que a justiça não deve ser instrumentalizada como arma de perseguição entre adversários.