FRELIMO só largará o poder com a volta de Jesus Cristo", afirma cidadão indignado – e responsabiliza Venâncio Mondlane pelos protestos em Angola
Maputo – Num cenário político cada vez mais tenso, declarações polémicas têm vindo a marcar o discurso popular sobre o estado da democracia em Moçambique. Um cidadão, cuja identidade não foi revelada, expressou o sentimento de desespero e frustração que se tem generalizado entre os críticos do regime: “A FRELIMO só vai sair do poder se Jesus Cristo voltar à Terra”.
A frase, carregada de simbolismo e crítica, ecoa uma visão de impunidade, eternização no poder e bloqueio democrático. Para muitos moçambicanos, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido que governa o país desde a independência, transformou-se numa força política que já não representa o povo, mas sim os seus próprios interesses.
Na mesma intervenção, o cidadão aponta o dedo a Venâncio Mondlane, destacando-o como o “pai das manifestações” que têm ocorrido em Angola. Segundo ele, o activista e político moçambicano está a inspirar uma nova geração de africanos a desafiar os regimes instalados. Esta acusação levanta sérias questões sobre a crescente influência transnacional das figuras da oposição no espaço lusófono africano.
“Venâncio não é apenas um problema para a FRELIMO; tornou-se uma ameaça regional para os sistemas autoritários”, afirmou, acrescentando que o seu discurso tem servido como combustível para as recentes ondas de contestação em Angola.
Por outro lado, membros da FRELIMO rejeitam categoricamente qualquer crítica, reafirmando a sua legitimidade histórica. “Fomos nós que expulsámos os colonos portugueses. Este país é obra nossa, e só nós temos a capacidade de o governar”, disse um dirigente sénior do partido, numa postura que muitos consideram arrogante e desconectada da realidade actual.
A crescente tensão política, tanto em Moçambique como em países vizinhos, revela um continente em ebulição, onde os apelos por justiça, alternância democrática e respeito pelos direitos humanos ganham cada vez mais força — mesmo perante regimes que se julgam eternos.
