Crise dos Manuais Escolares Contrasta com Cerimónia de Posse em Maputo
Maputo — A recente cerimónia de posse dos novos membros do Conselho de Estado foi apresentada como um marco histórico, sobretudo pela presença simultânea de três ex-presidentes da República: Joaquim Chissano, Armando Guebuza e Filipe Nyusi, ao lado de figuras veteranas do partido no poder, como Alberto Chipande.
Contudo, a mesma solenidade tem gerado críticas de vários sectores da sociedade, que questionam o real significado de “histórico” quando o país enfrenta graves problemas no sector da educação. Em pleno início do ano lectivo, centenas de milhares de crianças moçambicanas continuam sem acesso ao livro escolar, situação que compromete o futuro da aprendizagem.
Críticos afirmam que a resolução deste problema exigiria apenas uma fração mínima das fortunas que vários dirigentes são acusados de acumular de forma ilícita ao longo das últimas décadas. Recordam ainda que, no discurso de tomada de posse em Janeiro, o actual Presidente da República prometeu combater a corrupção, mas a percepção pública é de que pouco mudou desde então.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram escolas em condições precárias, onde “as flores que nunca murcham” — como muitos chamam as crianças — tentam aprender sem os materiais básicos. A indignação popular cresce perante a insistência de alguns dirigentes em defender que a FRELIMO deve continuar no poder, apesar dos desafios sociais ainda por resolver.
