Graça Machel rompe silêncio e defende inclusão de Venâncio Mondlane no Diálogo Nacional
Pela primeira vez, a antiga Primeira-Dama de Moçambique, Graça Machel, veio a público alinhar a sua posição com a do analista político José Macuane. Num gesto considerado surpreendente por vários sectores da sociedade, Machel declarou que o Diálogo Nacional Inclusivo perde credibilidade se Venâncio Mondlane continuar a ser excluído do processo.
Segundo Graça Machel, a ausência de Mondlane, líder do recém-formado partido ANAMOLA, representa um vazio político grave, pois este se consolidou como uma das principais vozes da oposição no país. Para a antiga Primeira-Dama, ignorar figuras com forte impacto social e político é comprometer a essência de um verdadeiro diálogo nacional, que deve contemplar todas as sensibilidades da sociedade moçambicana.
“Não se pode falar de inclusão deixando de fora aqueles que são reconhecidos pelo povo como símbolos de contestação e de esperança. Venâncio Mondlane, quer se goste dele ou não, tornou-se num rosto incontornável da oposição, capaz de desafiar a hegemonia da FRELIMO”, afirmou Machel.
As suas palavras reforçam as críticas já anteriormente levantadas por José Macuane, que vinha alertando para os riscos de um processo político esvaziado de pluralidade e representatividade. Para Macuane, a exclusão de Mondlane pode abrir caminho para maior instabilidade, minando a confiança da juventude e de amplos sectores da sociedade no governo de Daniel Chapo.
A posição de Graça Machel, conhecida pela sua postura geralmente reservada em relação à política interna, foi interpretada como um sinal de que a exclusão de Venâncio Mondlane não é apenas um erro estratégico, mas uma ameaça real à credibilidade do diálogo. Observadores políticos sublinham que o apoio de Machel ao argumento de Macuane poderá pressionar o governo a reavaliar a sua estratégia, sob pena de transformar o processo de reconciliação num mero exercício formal, sem impacto concreto no terreno.
Com a crescente popularidade da ANAMOLA e a sua capacidade de mobilizar multidões, sobretudo entre os jovens, o afastamento de Mondlane do debate nacional é visto por analistas como uma tentativa da FRELIMO de neutralizar uma oposição em ascensão. Contudo, a reação de figuras de peso como Graça Machel sugere que este caminho poderá ter custos políticos elevados para o partido no poder.
