Teodoro Waty critica arrogância e manipulação dentro da FRELIMO
Numa entrevista exclusiva concedida à DW, Teodoro Waty, destacado membro do Comité Central da FRELIMO, teceu duras críticas ao comportamento de alguns dirigentes e à forma como o partido no poder se mantém no controlo da cena política nacional.
Waty, conhecido pela sua franqueza e postura crítica, afirmou que a FRELIMO, enquanto organização, tem cultivado práticas que classificou de “arrogantes e manipuladoras”. Para o político, este tipo de conduta mina a credibilidade do partido e afasta-o das verdadeiras necessidades do povo.
“Como princípio, a FRELIMO não deveria ser arrogante, mas, infelizmente, o partido tornou-se refém de atitudes de dirigentes que preferem impor-se pela manipulação em vez de pelo diálogo. Deve haver um esforço para que aqueles que têm comportamentos arrogantes se corrijam ou, em última instância, que o partido se liberte dessas pessoas”, sublinhou.
Na mesma linha, Waty acusou a direcção da FRELIMO de não estar aberta a ideias inovadoras ou a propostas que possam enriquecer o processo democrático. “A FRELIMO não gosta de ideias para o processo. O que move muitos dos seus quadros não é o interesse colectivo, mas sim a ganância pelo dinheiro e pela manutenção do poder”, acrescentou.
As declarações do membro do Comité Central ganham particular relevância num momento em que o partido enfrenta críticas internas e externas, fruto das tensões políticas e da insatisfação popular em torno da governação, marcada por crises económicas e acusações de corrupção.
Observadores políticos consideram que a posição de Waty pode abrir espaço para novos debates dentro da FRELIMO, embora também não se descarte a possibilidade de enfrentar represálias pela ousadia de expor publicamente estas fragilidades.
Com este posicionamento, Teodoro Waty junta-se a um número crescente de vozes que, de dentro e fora do partido, alertam para a necessidade de uma profunda reflexão interna, sob pena de a FRELIMO perder progressivamente a confiança dos cidadãos.