O deputado e porta-voz da RENAMO, António Muchanga, lançou duras acusações contra a FRELIMO, afirmando que o partido no poder tem beneficiado financeiramente com os sucessivos raptos que têm assolado o país nos últimos anos.
Durante uma recente intervenção pública, Muchanga não poupou palavras ao afirmar que “os raptos em Moçambique não são obra de criminosos comuns, mas sim de um sistema organizado que opera com o conhecimento e a proteção de figuras influentes ligadas ao poder”. Segundo o deputado, há fortes indícios de que alguns indivíduos dentro da estrutura estatal tiram proveito direto das extorsões e resgates exigidos às famílias das vítimas.
O político da oposição criticou ainda a aparente ineficácia das autoridades na resolução destes casos, questionando a falta de detenções e condenações significativas, apesar das inúmeras denúncias. “Quando se trata de crimes de pequena escala, a Polícia move-se rapidamente. Mas quando o assunto envolve raptos de empresários ou figuras conhecidas, o silêncio e a lentidão tomam conta das instituições”, declarou.
Muchanga sublinhou que a impunidade instalada apenas reforça a perceção de que existe cumplicidade entre os autores dos crimes e certos setores do Estado. “Enquanto o povo vive aterrorizado, alguns continuam a enriquecer com o sofrimento alheio”, concluiu
Diversos analistas políticos têm partilhado preocupações semelhantes, apontando para a necessidade de uma investigação independente e transparente sobre a origem e o financiamento destes grupos de rapto. O fenómeno tem afectado gravemente o clima de segurança e de investimento em Moçambique, afastando investidores e gerando um clima generalizado de medo entre empresários e cidadãos comuns.
O Governo, até ao momento, não reagiu oficialmente às declarações de António Muchanga. No entanto, cresce a pressão pública para que as autoridades apresentem resultados concretos no combate a este tipo de criminalidade que há muito mancha a imagem do país.