O Governo de Moçambique, incluindo o Presidente da República, permanece sem qualquer reacção pública ao golpe de Estado em curso na Guiné-Bissau, quase 19 horas após os militares terem assumido o controlo do país.
Enquanto Maputo mantém silêncio absoluto, várias nações lusófonas e parceiros internacionais — entre eles Brasil, Portugal, Cabo Verde, Gana e Qatar — já condenaram a tomada de poder, o nono episódio do género na história recente guineense.
A crise evoluiu rapidamente. Numa intervenção transmitida pela Televisão Pública da Guiné-Bissau, o grupo que se autodenomina Comando Militar para a Restauração da Ordem Constitucional declarou ter assumido todos os poderes do Estado. O anúncio, lido por Denis N’tchama, justificou a intervenção militar com a alegada descoberta de um plano para desestabilizar o país.
Segundo o comunicado, esse suposto esquema envolveria figuras políticas nacionais e estrangeiras, além da alegada participação de um “conhecido barão da droga”, argumento utilizado pelos militares para legitimar a ruptura institucional e afastar as autoridades eleitas.
A ausência de uma posição oficial de Moçambique contrasta com a rapidez das reacções internacionais e levanta questões sobre a estratégia diplomática do Estado moçambicano num momento crítico para a estabilidade da região.
