Memba volta a ser alvo de ataques armados e população foge em massa
O distrito de Memba, na província de Nampula, enfrenta uma nova vaga de ataques armados, reacendendo um clima de medo numa região que já tinha sido afectada por episódios semelhantes. A escalada de violência está a provocar novos fluxos de deslocados e a agravar a crise humanitária, enquanto o governo garante estar a reforçar a segurança no terreno.
Fontes locais confirmam que grupos armados têm conduzido incursões em várias comunidades, sobretudo no posto administrativo de Chipene, repetindo o cenário vivido em setembro de 2022, quando ataques resultaram em mortes e destruição de infra-estruturas. Após um período de relativa tranquilidade, a instabilidade regressou nas últimas semanas, levando milhares de famílias a abandonar as suas casas.
De acordo com dados preliminares, mais de 80 mil deslocados encontram-se em situação de carência extrema, sem alimentos suficientes e a exigir condições para regressar às zonas de origem.
O investigador Wilson Nicaquela considera que esta nova onda de violência não é um fenómeno isolado. Segundo afirma, já existiam indícios de formação de células armadas na fronteira entre Nampula e Cabo Delgado, numa zona frequentemente associada ao recrutamento para a insurgência. “Memba foi um dos centros de mobilização de combatentes que reforçaram as fileiras em Cabo Delgado. É sabido que muitos dos insurgentes pressionados naquela província regressaram às suas comunidades de origem ou tentaram passar despercebidos antes de retomarem actividades”, explicou.
Perante o agravamento do cenário, o governo moçambicano assegura estar a implementar medidas adicionais de segurança, com reforço de meios militares e operações destinadas a estabilizar a região. As autoridades prometem ainda um plano de retorno faseado das famílias, embora organizações humanitárias alertem que as condições no terreno continuam longe do necessário para garantir segurança e apoio adequado aos deslocados.
A evolução da situação em Memba mantém-se imprevisível, num momento em que cresce a preocupação sobre a expansão da violência para outras zonas do norte de Moçambique.
