Rosário Fernandes Acusa FRELIMO de Não Saber o Significado de Estado
As críticas à governação da FRELIMO ganharam novo peso com as recentes declarações de Rosário Fernandes, que acusou o partido no poder de não compreender o verdadeiro significado de Estado. Segundo o economista e antigo dirigente da Autoridade Tributária, a situação social e económica do país é reflexo da ausência de políticas públicas eficazes e da incapacidade do executivo em garantir serviços básicos à população.
No seu discurso, Fernandes foi incisivo ao afirmar que “dia após dia fica cada vez mais cristalino que a FRELIMO não sabe o que é Estado”. O analista justificou a sua posição com exemplos concretos que, no seu entender, comprovam a falência do sistema:
Saúde Pública em colapso: a propagação de doenças como malária, cólera e HIV continua a matar milhares de moçambicanos de forma sistemática, sinal de que o Estado está ausente no dever de proteger a vida dos cidadãos.
Educação precária: mais de 40% da população continua analfabeta, não por falta de interesse, mas pela inexistência de escolas, professores, livros e condições mínimas de ensino.
Explosão demográfica sem resposta: de acordo com Fernandes, desde a independência em 1975 a população triplicou — de cerca de 9,7 milhões para mais de 35 milhões de habitantes — sem que houvesse crescimento proporcional em hospitais, estradas ou infraestruturas sociais
Estado apenas eleitoral: em várias regiões do país, acrescenta, o Estado “nunca existiu”, exceto nos momentos de campanhas eleitorais, em que pede votos e depois se distancia da população.
Rosário Fernandes foi ainda mais longe ao responsabilizar a FRELIMO pelo descontentamento popular, sublinhando que “um membro sénior do partido mais velho de Moçambique devia saber estas lições básicas, em vez de continuar a agravar a fúria de um povo já exausto com um governo eleito através de fraude”.
As suas declarações reacendem o debate sobre a legitimidade do actual executivo e sobre a urgência de uma redefinição estrutural do Estado moçambicano, num momento em que a contestação social e política ganha novas formas de expressão.