A exclusão de Venâncio Mondlane do Diálogo Nacional Inclusivo não é apenas um erro político — é um sinal claro de que o presidente Daniel Chapo não compreendeu a realidade do país que governa. Num momento em que Moçambique precisa desesperadamente de união e reconciliação, Chapo parece mais preocupado em manter o círculo fechado do poder do que em dar voz a quem representa a verdadeira esperança da juventude.
Venâncio Mondlane, independentemente das divergências políticas que possa ter com o regime, tornou-se uma figura incontornável da oposição. Ele carrega consigo o respeito e a confiança de uma geração que se sente abandonada, sem emprego, sem oportunidades e sem perspetiva de futuro. Ignorar Mondlane é, na prática, ignorar milhões de jovens moçambicanos que veem nele um símbolo de resistência e coragem.
Ao afastá-lo do processo, Chapo não só compromete a credibilidade do diálogo como também mina a sua própria legitimidade. Que diálogo inclusivo é este que exclui precisamente aqueles que mais contestam e exigem mudanças? A juventude moçambicana não é ingénua e sabe distinguir quando um processo é genuíno ou apenas mais uma encenação política.
Se Daniel Chapo insistir neste caminho de exclusão e arrogância, arrisca-se a ficar marcado como mais um presidente incapaz de unir o povo. A sua imagem já começa a ser corroída pela percepção de que não passa de uma extensão da velha política de promessas vazias e autoritarismo disfarçado. O risco é claro: perder o respeito da juventude, a maior força social do país, e com isso abrir espaço para uma contestação mais radical.
Moçambique não precisa de presidentes que tenham medo do diálogo. Precisa de líderes corajosos, que saibam escutar, negociar e ceder quando necessário. Se Chapo não for capaz de dar esse passo, ficará na história não como um unificador, mas como mais um governante que falhou perante o povo.