Governo aponta crescimento económico sustentado pelo aumento do mercado de arrendamento
O Governo apresentou esta semana novas projecções macroeconómicas para 2026, nas quais atribui parte do eventual crescimento do PIB ao dinamismo do sector de arrendamento habitacional. A proposta inicial, que gerou controvérsia imediata, acabou entretanto rectificada pelo Conselho de Ministros, depois de críticas que apontavam para cenários irrealistas e fundamentos económicos considerados frágeis.
A versão preliminar do documento descrevia o mercado de arrendamento como “um dos motores decisivos da recuperação económica”, afirmando que o aumento de casas arrendadas no país teria impacto directo na produtividade e no crescimento global. Economistas e analistas do sector reagiram prontamente, classificando a projecção como “desalinhada com a realidade” e sublinhando que o simples aumento de contratos de arrendamento não é suficiente para sustentar um avanço significativo do PIB.
Perante a onda de críticas, o Governo reviu a formulação e admitiu “excessos de optimismo” na primeira versão. Na mesma nota, o Executivo garantiu que as novas estimativas passam agora a integrar outros sectores com maior peso real no desempenho económico, como a agricultura, a indústria transformadora e os serviços de exportação.
Apesar da revisão, o incidente reabriu o debate sobre a qualidade das projecções económicas oficiais e a necessidade de maior rigor técnico na elaboração de documentos estratégicos. Vários especialistas defendem que o país enfrenta desafios estruturais sérios — desde o baixo investimento público até à estagnação da produtividade — e que não podem ser mascarados com previsões “criativas” ou mal fundamentadas.
A discussão continuará nas próximas semanas, quando o Orçamento do Estado para 2026 entrar em apreciação parlamentar, num contexto em que a confiança nas políticas económicas permanece frágil e o escrutínio público, cada vez mais intenso.